A Amazon Games firmou uma parceria com a Glowmade, um estúdio independente nascido em meio à vibrante comunidade de videogame de Guildford, no sul da Inglaterra, para desenvolver e publicar o jogo sem-noção, selvagem e sensacional King of Meat. Ambientado no mundo místico de Loregok, este espetáculo cooperativo online do tipo corta e massacra para um ou até quatro participantes leva os jogadores a um cenário de dragões, trolls, esqueletos e, claro, mercantilismo empresarial. Aqui, a alta fantasia encontra a pompa, o glamour e os delírios midiáticos das celebridades dos tempos atuais. No foco desta obsessão está o mais louco gameshow de sobrevivência já imaginado, KING OF MEAT, onde a diversão é o próprio jogador: um Competidor em busca de glória, grana e fama. Parece loucura? Claro que é.
King of Meat é o maior dos delírios da equipe da Glowmade, fundada por Jonny Hopper (LittleBigPlanet), Mike Green (Fable) e Adam Sibbick (Fable), que se conheceram quando trabalhavam juntos na mesma rua da Glowmade, no Lionhead Studios, do famoso jogo Fable. Juntos fundaram o próprio estúdio tendo como princípio a criatividade festiva, comprovada no mundo rico e vibrante criado pela Glowmade para o King of Meat. Batemos um papo com os cofundadores da empresa para descobrirmos como sonharam esse mundo maluco e maravilhoso…
De onde veio a ideia do jogo e do nome King of Meat ?
"As pessoas vivem nos perguntando de onde o nome King of Meat saiu, e a verdade é que não sabemos", revela Jonny Hopper, diretor do estúdio. "A menção mais antiga que conseguimos encontrar é um documento com o título "E se a gente não chamar de King of Meat", e eram todas ideias ruins, então mantivemos.
Quanto ao jogo em si, "acho que temos como voltar no tempo, porque sempre tivemos em mente esse mundo maior", pontua Mike Green, diretor criativo. "Quando começamos, ele era ambientado em um velho pub em uma montanha. Dentro do pub, as masmorras eram ligadas a monstros e ao caos, com armadilhas e toda sorte de carnificina. A partir daí, esse mundo foi ganhando vida própria, ainda mais com a arte do Adam. O Adam tem muitos sonhos bizarros que eu acho que alimentam o nosso universo".
"Isso mesmo", acrescenta Adam Sibbick, diretor de arte. "Lembro de quando era só o pequeno pub. E sentíamos que aquilo ia ficar maior, e que teria esse espetáculo de entretenimento acontecendo."
"Pense nesse pub quase como Valhalla, para onde todos os heróis e monstros vão", continua Green. "E eles estão ali no mais completo tédio. Estão tão entediados que não têm nada melhor para fazer do que brigar. Foi daí que a coisa lentamente tomou forma. A arte do Adam sempre teve essas fantásticas placas em neon, máquinas de comida e aparelhos de televisão, e lentamente tudo foi se encaminhando até surgir esse universo maior. É um lugar onde mora gente. Não é só um esqueleto que é um monstro. Ele tem uma vida, anseios, família e até emprego."
"Com o tempo, tudo isso cresceu e se transformou nesse mundo completo. E foi bem fácil de elaborar, o que demonstra que estamos envolvidos em algo divertido, empolgante e diferente. À medida que o jogo evoluía e as ideias novas começavam a surgir em ritmo frenético, pudemos reconhecer as escolhas certas quando nos pegamosnos divertindo e repetindo com a equipe: 'isso é tão King of Meat'. É muito interessante um universo onde você meio que pode fazer de tudo, mas é claro que existem regras muito oportunas agora que tudo se encaixou no universo que criamos."
Você mencionou que o King of Meat começou buscando inspiração na fantasia Labirinto – A Magia do Tempo, de Jim Henson, e no evento de luta livre WrestleMania. Mas houve alguma inspiração em especial que fez você chegar ao conceito de um gameshow de sobrevivência insano?
"O filme O Sobrevivente!", anuncia Hopper. "Adoro esse filme. Eu faço uma ótima imitação do Arnold Schwarzenegger. E, é claro, o filme é uma maluquice. Por isso, pensei: 'Que tal fazermos O Sobrevivente em estilo medieval?'"
Uma das principais locações, que vemos de relance no trailer de anúncio, é a Ironlaw Plaza, o espaço de convívio do jogo e o "bastidor" do programa KING OF MEAT. Pode falar um pouco mais sobre esta locação?
"Então, não era para chamar Ironlaw Plaza", afirma Sibbick. "No início, era apenas o pub de que falamos, o Venture Inn. Mas aí precisamos de mais espaço, de mais funções, e acabou se tornando um ambiente completo de bastidores. Quanto ao tema, ele amarra tudo. Agora temos personagens em toda parte. Este é o lugar onde os monstros que você andou massacrando se encontram depois do programa para curtir a folga. Eles trabalham no King of Meat tanto quanto você. E, portanto, a Ironlaw Plaza é o bastidor onde você realmente escuta o que acontece por trás do palco. É aqui que um jogador vai ouvir um monstro se queixando hilariamente dos filhos ou do aluguel, esse tipo de coisa. Ele dá uma dimensão humana a esses personagens que você estava trucidando poucos minutos atrás."
"Então, é claro que todos esses personagens se tornam reais", acrescenta Hopper. "Eles só estão representando um papel, o que reduz a carga de terror, sabe? Porque, na prática, você não está matando alguém. É tudo parte da ilusão do programa. São apenas jogadores em cima de um palco."
"Bem, nem tudo", contrapõe Green. "Você tem também NPCs como o Professor Beak e o Keith Vertex, representantes de suas respectivas corporações. O Professor Beak representa a Regulated Effects, a grande corporação farmacêutica que vende magia legalizada — a magia é limitada, já que ninguém confia nos magos. E Keith Vertex é o velho e rabugento frequentador de raves que representa o sindicato dos esqueletos Bonepickers."
"Eu gosto da Komstruct", revela Sibbick. "O Buzzworth Billy é tão bizarro. Ele é como o mascote tresloucado de um parque temático."
São cinco corporações ao todo, certo? Reparamos em uns anúncios fantásticos e atrevidos colados em volta da Ironlaw Plaza. São anúncios de corporações diferentes?
"Sim, alguns deles são. Sempre falamos que todo o mundo do King of Meat é onde o medieval encontra o contemporâneo, e é exatamente do jeito que isso seria", explica Green. "Se o mundo medieval fosse trazido para a época atual, teria cartazes pregados por toda a parte. O programa teria um aspecto todo monetizado, com anúncios bobos inventados para itens como varinhas mágicas ou olhos gigantes que você poderia invocar para vigiar a sua casa. E, com o programa espetácular de televisão, isso acabou dando ainda mais vazão à mente maluca do Adam e de algum jeito tudo se encaixou."
"Foi bem aquele alto conceito inicial de WrestleMania, Jogos Vorazes, Labirinto e O Sobrevivente", acrescenta Hopper. "É tudo tão exagerado que se você parar demais para pensar vai ver que é insano. Mas você não para e pensa, e é por isso que estamos aqui. Nem nós paramos. Só pensamos: 'que doideira’. Quanto ao aspecto de fantasia, acho que também tentamos nos basear na nossa própria herança de desenvolvimento de jogos como o Fable."
Agradecemos pela entrevista em nome de todos os futuros jogadores dizendo que não vemos a hora de jogar e ressuscitar saindo de um moedor de carne!
E assim chega ao fim a nossa conversa com o pessoal da Glowmade, que está ansioso para despejar sua criação perversa sobre o público desavisado. Seja para jogar como uma lula rosa coberta de chifres com um patinho na cabeça ou como um gladiador urbano multicolorido com botas de favo de mel e martelo de salsicha, os jogadores logo vão se deparar dizendo o mesmo que os criadores diziam quando incluíam cada elemento deste absurdo desenfreado: "Isso é TÃO King of Meat."